sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Sobreviver Demais

Se sobrevivi ao Carnaval?

Meramente sobreviver era o que queria... Mas beber, beijar, festar, sair e pular: foi tudo é muito pouco!

Nessas saí vivo do Carnaval, vivo demais, inteiro demais!

Era para ter acabado tudo com pedaços faltando, roupas rasgadas, hematomas, chupões. Desidratado, desgastado, estropiado.

Mas não, não foi o que rolou, nesse ano não deu...

Mas no próximo que tudo seja como desejado...

E que eu quase morra no próximo Carnaval!

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Um Conto de Carnaval

A semana passava e sua inquietação era crescente! Finalmente chegava a hora de voltar a ser ele mesmo, uma criatura de que, mesmo que não exatamente se orgulhasse, ao menos não o fazia sofrer, não o mantinha vazio, não o atormentava à noite.

Com a chegada da sexta, ele praticamente não se continha: mas tinha que se segurar um pouco mais, manter aquela imagem por mais um tempo mais oito horas...

Sete horas...

Seis horas...

Quatro horas...

Três, duas, uma: já chega, ele sairia um pouco mais cedo hoje, e foi sem remorso que marcou o ponto com somente dois minutos de atraso!

E então correu livre, como não corria há tempos, ele precisava chegar em casa!

Finalmente era chegada a hora, e era com um misto de raiva e asco que ele olhava para aquela fantasia. O espelho não escondia os sinais de desgaste, os cantos puídos e rotos. O caimento mal-ajambrado de uma roupa que serviu a alguém maior.

Então ele rasgou ali mesmo os panos ásperos que o cobriam e feriam sua pele. Mas era um ritual para que ele se libertasse com o esforço necessário de sua crisálida! E estivesse pronto para sua nova vida...

Ainda pisando sobre aqueles restos decrépitos, ele alcança dentro do guarda-roupas seu novo manto sagrado e conforme amarra o sarongue e veste os coloridos colares de contas, uma transformação acontece: o colorido das vestes atrai um repique novo no peito, seus passos tornam-se ritmados como um maracatu, sua mente está ágil e ligeira como um bom frevo, marchinhas de hoje e outrora ecoam em seus ouvidos.

Ele está pronto para o momento máximo de sua vida, para libertar a felicidade que é obrigado a conter por meses, preso a obrigações que para ele são mundanas. Só no carnaval, nesses poucos dias de carnaval, ele se sente vivo de verdade e não perderá isso por nada. Vai beber, vai rir, vai pular, vai dançar, fará tudo o que sua vida de verdade permite e exige. Viverá o ano em 5 noites e 4 dias, pois é para isso que tolera os demais 360.

Chegou então a hora de passar pela porta da rua e trancar tudo bem trancado, pois ele só voltará, aliviado e ainda feliz, na manhã da quarta-feira de cinzas, quando então vestirá a amarga fantasia do dia-a-dia.

Mas essa verdade triste não apagará os dias e noites de sua verdadeira vida: muito menos o impedirá de se preparar para o próximo CARNAVAL!

Nota do Editor:
Conforme bem sugerido pela grande Maria Carolina, ESSA AQUI é a trilha perfeita para essa música.

segunda-feira, janeiro 11, 2016

Odisseia Nossa

Levante, acorde, acorde, acorde!
Corre, apresse, acelere!
Não pare!

Tem horas que só queremos fugir, desaparecer, escapar do mundo, sumir, pois dói, cala, congela membros e sensações; nos faz querer uma caverna, um escuro, um oco de árvore, um abrigo sob raízes.

A gente se perde no labirinto. Fica sem ar perdido no espaço, com roupas rasgadas e cara bagunçada. Cheios de feridas e cicatrizes, que mesmo invisíveis nos fazem lembrar de toda a dor.

Mas então lembramos que a vida é uma odisseia, uma viagem a marte, que podemos dançar, que queremos mais e mais rápido, que amamos.

E seremos livres...

Nota do Editor: RIP Bowie.

sexta-feira, janeiro 08, 2016

Adaptação?

A cama te expulsa de manhã, apesar da sua luta para permanecer nela. Apertar os olhos, virar para o lado mais escuro do quarto: nada resolveria.

O café, justo o café, onde estaria aquele sabor que era esperado? Qual era mesmo sua fruta favorita? Qual sabor costumava encontrar nela que tanto te embevecia?

Os livros, as músicas, os filmes... Quais ainda teriam as mesmas cores e trariam as mesmas sensações? Quais seriam capazes de despertar até sua sinestesia, transformando sons em cores, textura em aromas, imagens e sabores?

Ligou o rádio, a música que tocava lhe fez nostálgico, mas mais falou-lhe mais do que o fez cantar a plenos pulmões:

“Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria...”

Sim, seria isso?

Será que é por isso que suas mãos sentem as teclas como antes?

Será que a dor que sente é pura saudade d’outro tempo, antes de tamanha mudança ter vindo à sua vida?

Ele não sabe disso... Ele não sabe o que houve exatamente... Ele não sabe tudo o que
mudou...

Ele não sabe...
Ele não...
Ele...
...

quinta-feira, janeiro 15, 2015

21 Andares

Como sempre, justo quando estava em meio às mais triviais atividades e com os pensamentos mais irrelevantes, à questão lhe veio à mente; morte, o fim, o nada?

Num piscar dentro de sua cabeça molhada pela água escassa da cidade, ele entreviu-se no futuro, velho e encarquilhado, justamente no momento final de seu próprio último suspiro.

E ele sentiu todo o desespero do velho que passara a vida sem acreditar em nada, temendo pelo fim, tal qual o zero, absoluto. E também o desespero do outro velho que sentia culpa por querer acreditar em algo - ou em tudo - exatamente como julgava fazer toda a humanidade, justamente pelo medo da extinção do próprio umbigo, ou como preferiram os eufêmicos e educados, do pensamento mesmo.

A dor era tamanha, o desespero era tanto, que ele não podia deixar que os velhos passassem por isso, mesmo que nalgum futuro esquecido pelo tempo e a criação.

Tinha que fazer algo, tinha que evitar a dor deles.
Tinha que abreviar os problemas de seus futuros.
Tinha que ser prático por eles.
Tinha que tomar uma providência para si mesmo e mesmos.

E ele nem chegou a perceber o quão era duro o chão ao final dos 21 andares...

sexta-feira, novembro 28, 2014

Hidromel Dois Corvos

O Hidromel Dois Corvos está caminhando...

Os passos não são largos - ainda -, mas a idéia é não tropeçar mesmo; então todo cuidado é fundamental!

Nessas, já tenho o domínio do Dois Corvos... E sim, a redundância é válida, hehehe.

Então a bebida mais nerd do mundo - para mim ao menos - tem no Dois Corvos um hidromel que busca honrar sua antiguidade, sua história e seus sabores.

E que 2015 venha com tudo, e com algumas coisas boas para deixar tudo ainda melhor!

Hail!


terça-feira, maio 27, 2014

Drops, Versão (ainda mais) Dramática

¡Dejame odiarte, porque a quien amo sólo me hace sufrir! (Original aqui)

E;

¡Quiero que me odies, porque el que me ama sólo me hace sufrir! (Original aqui)

***
Nota do Editor: Já que o momento está cheio de drama, por que não dramatizar ainda mais?

Odiar

Deixe-me te odiar, pois quem eu amo só me faz sofrer!

Odeiem

Quero que me odeie, pois quem me ama só me faz sofrer!

quarta-feira, maio 07, 2014

Esfinge

Era noite de happy hour no Além, e a deusarada toda se reuniu no bar Mythos & Bacantes para jogar conversa fora e, é claro contar vantagem.

Depois de horas e mais horas de um desfile de peripécias principalmente sexuais, sem aparecer alma viva pra confirmar as versões divinas, levanta-se a Esfinge da mesa ao lado e brada:

_ Tão vendo aquele povo ali na mesa do canto?

(E lá estavam campeões olímpicos, musas, reis e até um bobo da corte, que coraram e soltaram risinhos juvenis ao perceberem que a Esfinge falava deles.)

_ Comi tudim!

E então os deuses se calaram...

Nota:
- Decifra-me, ou devoro-te!