quinta-feira, janeiro 15, 2015

21 Andares

Como sempre, justo quando estava em meio às mais triviais atividades e com os pensamentos mais irrelevantes, à questão lhe veio à mente; morte, o fim, o nada?

Num piscar dentro de sua cabeça molhada pela água escassa da cidade, ele entreviu-se no futuro, velho e encarquilhado, justamente no momento final de seu próprio último suspiro.

E ele sentiu todo o desespero do velho que passara a vida sem acreditar em nada, temendo pelo fim, tal qual o zero, absoluto. E também o desespero do outro velho que sentia culpa por querer acreditar em algo - ou em tudo - exatamente como julgava fazer toda a humanidade, justamente pelo medo da extinção do próprio umbigo, ou como preferiram os eufêmicos e educados, do pensamento mesmo.

A dor era tamanha, o desespero era tanto, que ele não podia deixar que os velhos passassem por isso, mesmo que nalgum futuro esquecido pelo tempo e a criação.

Tinha que fazer algo, tinha que evitar a dor deles.
Tinha que abreviar os problemas de seus futuros.
Tinha que ser prático por eles.
Tinha que tomar uma providência para si mesmo e mesmos.

E ele nem chegou a perceber o quão era duro o chão ao final dos 21 andares...

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