quarta-feira, outubro 23, 2013

Não é só pelo alpiste

Seria muito legal ver 40 filmes na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
Mesmo metade do pacote de ingressos já seria bem legal.
Mas se a pessoa só tem os finais de semana disponíveis, então vai ter que contentar com os dois ou três filmes que conseguir ver no sábado, mais uns dois no domingo, dependendo dos horários e locais de exibição.

A cota de ingressos de uma sessão é dividida entre as vendas antecipadas da própria Mostra, a venda online do Ingresso.com e a venda no dia nos guichês dos cinemas em que o filme é exibido. Assim, há chance para todos. Além disso, não há lugares marcados.

A maioria dos filmes deve ter mais de uma sessão ao longo dos 14 dias iniciados no último 18. Alguns deles chegam com status maior do que outros, seja pela sua condição de obra-prima consolidada – o que não é difícil quando o homenageado é Stanley Kubrick –, seja pela crítica e prêmios até chegarem aqui.

O garoto que come alpiste enquadra-se na última categoria. O filme é o pré-indicado da Grécia para o Oscar e mostra Yorgos, o personagem-título de seus vinte e poucos anos, lutando para sobreviver e cuidar de seu canário. O que, sem um emprego ou dinheiro não é algo muito simples na Grécia assolada pela crise. Com pouquíssimos diálogos, os únicos momentos em que ele não se preocupa (tanto) com a sua fome e com os cuidados do animal de estimação é quando está sendo o stalker de uma recepcionista de um hotel. Tenso. E fome, muita fome.

No dia 20 de outubro, terceira das cinco sessões ao longo da Mostra, o filme ocupou a sala 2 do Espaço Itaú do shopping Frei Caneca. A fila dos desesperados sem ingresso começou quando o segurança do shopping liberou acesso. Meio-dia-mais-atraso e minha esposa e eu já estávamos com ingresso comprado.

Depois de almoçar, hora da segunda fila, agora para entrar na sala. No momento em que liberaram a entrada, a fila estava grande, muito grande. Mas foi uma surpresa ver que depois, mesmo com todos os assentos ocupados, uma galera ainda continuava a entrar!
Alguns já se posicionavam na escada mesmo (a sala é stadium) quando o a organização entrou para comunicar que, duh, haviam sido vendidos mais ingressos do que a capacidade da sala. E ofereceu o reembolso a quem quisesse, claro. Neste momento dois senhores se levantaram e intercederam o “...podem se sentar nos corredores” com um sonoro “Não pode, não! É uma questão de segurança!”.

Pronto, a bagunça estava instaurada.
A maioria queria ver o filme, e não demorou para que mandasse os incomodados a se retirar.

É óbvio que o correto não era ver o filme sentado na escada. Mas dadas as circunstâncias, era a melhor solução possível. Era a primeira sessão do dia, outros filmes passariam naquela sala. As outras exibições do filme em outros dias e horários não resolveria o problema da maioria. É muito mais simples do que testes de laboratório em animais, é apenas uma questão de bom senso. E assim foi, depois de quase vinte minutos de atraso.

Ao término do filme saímos correndo, a segunda sessão logo começaria. A vantagem é que era na sala ao lado: Dr. Fantástico na tela grande.

Enquanto esperávamos em mais uma fila, conseguimos ouvir da organização que até a polícia foi chamada. Bombeiros. Entraram na sala e reorganizaram o pessoal sentado no corredor para deixar um caminho livre. Ah, sim, disseram que o Ingresso.com havia vendido ingressos a mais.
Overbooking no cinema!

2 comentários:

Marcelo "Muta" Ramos disse...

Hahaha, muito bom!

Mas o que me entristece é que esse foi mais um ano em que não consegui ir a nenhum filme da mostra... É, tenho que rever muitas coisas na minha vida. :D

Anônimo disse...

e eu que nunca fui...ou porque é longe, ou não tenho tempo, sem acompanhante, sem dinheiro, ou choveu, ou isso ou aquilo, vida cruel..