Seria muito legal ver 40 filmes na Mostra Internacional de Cinema em
São Paulo.
Mesmo metade do pacote de ingressos já seria bem legal.
Mas se a pessoa só tem os finais de semana disponíveis, então vai ter
que contentar com os dois ou três filmes que conseguir ver no sábado, mais uns
dois no domingo, dependendo dos horários e locais de exibição.
A cota de ingressos de uma sessão é dividida entre as vendas
antecipadas da própria Mostra, a venda online do Ingresso.com e a venda no dia
nos guichês dos cinemas em que o filme é exibido. Assim, há chance para todos.
Além disso, não há lugares marcados.
A maioria dos filmes deve ter mais de uma sessão ao longo dos 14 dias
iniciados no último 18. Alguns deles chegam com status maior do que outros,
seja pela sua condição de obra-prima consolidada – o que não é difícil quando o
homenageado é Stanley Kubrick –, seja pela crítica e prêmios até chegarem aqui.
O garoto que come alpiste
enquadra-se na última categoria. O filme é o pré-indicado da Grécia para o
Oscar e mostra Yorgos, o personagem-título de seus vinte e poucos anos, lutando
para sobreviver e cuidar de seu canário. O que, sem um emprego ou dinheiro não
é algo muito simples na Grécia assolada pela crise. Com pouquíssimos diálogos,
os únicos momentos em que ele não se preocupa (tanto) com a sua fome e com os
cuidados do animal de estimação é quando está sendo o stalker de uma recepcionista de um hotel. Tenso. E fome, muita
fome.
No dia 20 de outubro, terceira das cinco sessões ao longo da Mostra, o
filme ocupou a sala 2 do Espaço Itaú do shopping Frei Caneca. A fila dos
desesperados sem ingresso começou quando o segurança do shopping liberou
acesso. Meio-dia-mais-atraso e minha esposa e eu já estávamos com ingresso
comprado.
Depois de almoçar, hora da segunda fila, agora para entrar na sala. No
momento em que liberaram a entrada, a fila estava grande, muito grande. Mas foi
uma surpresa ver que depois, mesmo com todos os assentos ocupados, uma galera
ainda continuava a entrar!
Alguns já se posicionavam na escada mesmo (a sala é stadium) quando o a organização entrou
para comunicar que, duh, haviam sido
vendidos mais ingressos do que a capacidade da sala. E ofereceu o reembolso a
quem quisesse, claro. Neste momento dois senhores se levantaram e intercederam
o “...podem se sentar nos corredores”
com um sonoro “Não pode, não! É uma
questão de segurança!”.
Pronto, a bagunça estava instaurada.
A maioria queria ver o filme, e não demorou para que mandasse os
incomodados a se retirar.
É óbvio que o correto não era ver o filme sentado na escada. Mas dadas
as circunstâncias, era a melhor solução possível. Era a primeira sessão do dia,
outros filmes passariam naquela sala. As outras exibições do filme em outros
dias e horários não resolveria o problema da maioria. É muito mais simples do
que testes de laboratório em animais, é apenas uma questão de bom senso. E
assim foi, depois de quase vinte minutos de atraso.
Ao término do filme saímos correndo, a segunda
sessão logo começaria. A vantagem é que era na sala ao lado: Dr. Fantástico na tela grande.
Enquanto esperávamos em mais uma fila, conseguimos ouvir da organização que até a polícia foi chamada. Bombeiros. Entraram na sala e reorganizaram o pessoal sentado no
corredor para deixar um caminho livre. Ah, sim, disseram que o Ingresso.com
havia vendido ingressos a mais.
Overbooking
no cinema!
2 comentários:
Hahaha, muito bom!
Mas o que me entristece é que esse foi mais um ano em que não consegui ir a nenhum filme da mostra... É, tenho que rever muitas coisas na minha vida. :D
e eu que nunca fui...ou porque é longe, ou não tenho tempo, sem acompanhante, sem dinheiro, ou choveu, ou isso ou aquilo, vida cruel..
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