quarta-feira, julho 01, 2009

No banheiro delas

Um dos grandes mistérios que assola a alma masculina é: o que tanto as mulheres fazem juntas no banheiro? OK, exagero na dimensão da curiosidade, mas é fato que a maioria dos homens se intriga com as visitas femininas ao toilette, necessariamente realizadas de forma coletiva.

Pois já digo de antemão que em alguns bares e casas noturnas esse grande momento socializador esbarra no impedimento arquitetônico, consubstanciado em espaços exíguos, casinhas isoladas e pias e espelhos em área comum a homens e mulheres (absurdo dos absurdos). Esses e outros problemas do gênero transformam a ida ao banheiro em uma verdadeira aventura, caso se insista em dividir o lavabo com a amiga. Ou em um ato tedioso, caso se opte pela visita solitária.

Muito embora eu não seja das mais vaidosas, quero que todo banheiro público tenha muitos espelhos e que eles sejam enormes e daqueles tipos que me fazem parecer mais magra e mais alta e nem um tanto desproporcional. Sim, quero espelhos mágicos por toda parte, para que eu possa me olhar, conferir meu sorriso (já me flagrei com salsinha entre os dentes) e dar aquela arrumadela básica nos cabelos e nas roupas. Caso eu fosse adepta de batom, lápis e rímel, essa seria também a hora de retocar a maquiagem.

A etapa narcísica coincide com o assunto mais urgente, claro. Enquanto a amiga ocupa a casinha, ou mesmo enquanto ambas esperamos a vez (porque em banheiro feminino sempre há fila), usa-se o espelho e afia-se a língua. Homens interessantes, outros tantos maltrapilhos, peruas insuportáveis, quilos perdidos, namorados conquistados, canalhas dispensados, não necessariamente nessa ordem, ocupam a pauta principal. Isso é líquido e certo.

No banheiro das mulheres raramente se fala sobre o clima, a não ser que seja clima de romance. A temperatura ambiente, os ventos, as massas de ar frio ou de calor só são lembrados por interferirem, obviamente, nos trajes possíveis e na impossibilidade de usar aquela roupa tão querida, linda, nova, e que combinaria tanto com os olhos dele.

Quem pensa que só a futilidade tem vez nesse ambiente de acesso restrito engana-se. Trabalho estressante constitui tema comum, em especial porque faz mal à pele e tira o brilho dos cabelos. Colegas impertinentes (de ambos os sexos) que costumam atrapalhar o desempenho profissional também são mencionados, contudo, para itens tão delicados é preciso tato e esperteza, características que eu costumo desprezar. De dentro da casinha, reclamo em voz alta da mal-humorada que ocupa a mesa ao lado da minha. E aí, encerradas as tarefas fisiológicas, dou de cara com a própria figura carrancuda, com feição ainda mais medonha, por motivos óbvios.

O ritual banheirístico encerra-se com olhares mútuos de cumplicidade e checagens múltiplas de visual, dos pés à cabeça, da cabeça aos pés, etapa que pode se alongar um tiquinho mais caso alguma outra dupla esteja desenvolvendo algum diálogo intrigante. (De repente pode-se oferecer ajuda a quem necessita, oras!) E, por fim, adota-se algum papo ameno para o caminho de volta à mesa ou ao mundo habitado tanto por homens como por mulheres. Fim! Como se vê, não há nada de muito especial no banheiro das mulheres, além das mulheres.

3 comentários:

muta disse...

sinceramente? eu deixei essa curiosidade de lado há muito tempo, pois esses motivos eram mais do que óbvios para um observador um pouco mais atendo, hehehe.

mas será que as mulheres já perceberam que os homens, apesar de não sairem juntos das mesas e não alardearem a todos que estão indo ao reservado, acabam se trombando por lá para conversar sobre assuntos muito parecidos?

ok, olhares de cumplicidade e atenção dedicada ao visual não fazem parte da coisa, mas muitos assuntos e estratégias podem ser discutidos nesses momentos... ;o)

Lótus disse...

somos todos iguais nas nossas diferenças, não é mesmo?

Nanael Soubaim disse...

Siamo tutti buona gente... ma non troppo.