quarta-feira, junho 17, 2009

Dois ratinhos e uma música

Antes de Fievel - um conto americano, não me lembro de ter chorado por causa de um filme (animação, no caso). Eu tinha meus 10 ou 11 anos e a história da família de ratinhos que emigra na expectativa de encontrar um mundo melhor me marcou para sempre.

Tirando as breguices e apelações que (quase) toda peça de Hollywood apresenta, Fievel foi, para mim, um marco em termos de cinematografia. Sim, porque aquela angustiazinha que se instalou no peito logo que o ratinho se perdeu aos poucos cresceu, cresceu, cresceu e então transbordou em três ou quatro lágrimas, é claro, enquanto os irmãos Fievel e Tânia cantavam Somewhere Out There.

A partir daí aprendi que filme não serve apenas para fazer rir, mas também para fazer pensar, chorar, sentir, enfim.

Assisti a esse desenho ainda outras vezes, algumas das quais na companhia da minha mãmis. Ela também nunca se aguenta e fica com os olhos marejados cada vez que a dupla canta a música-tema, seja em português seja em inglês. Mas, para ela, o filme carrega ainda outros significados, pois que meus antepassados um dia também saíram de sua terra em busca de um mundo novo e livre de maldades.

Somewhere Out There também animou os meus primeiros bailinhos, com direito a dança da vassoura. E enquanto nenhum menino vinha me tirar, eu me juntava a outras amigas para cantar a plenos pulmões "somewheeeeeeere out there / someone's sayiiiiiing a prayer" (ou algo parecido).

Eu tenho saudade daquela época, em que o drama maior era ficar sozinha enquanto todas as amiguinhas estavam dançando as músicas lentas. Ou então quando o menino desejado só queria saber de dançar com a menina mais bonita da festa (sempre tinha uma que monopolizava as atenções e obviamente esse nunca foi o meu caso).

Minha vida era imprevisível, então! Ao chegar em um bailinho, eu nunca sabia se o fulano ou o ciclano ia querer dançar comigo. E mesmo assim ia às festinhas com a melhor roupa do armário, disposta a arriscar. Quando o pessoal estava meio desanimado, eu mesma ia até o canto dos meninos e convidava um deles para dar um passo para cá, outro para lá. Era uma grande ousadia (quebra de protocolo!), mas eu não me importava e era muito difícil meu pedido ser recusado (algo me diz que esses bailinhos eram frequentados apenas por gentlemen, ou melhor, gentleboys!).

Recentemente um amigo meu me convidou para um bailinho, ou melhor, para uma balada. Na hora eu me interessei, quis saber do que se tratava, quando, onde, por que, mas então... ai, insegurança! Já arrumei uma boa desculpa pra ficar em casa. Será que até lá mudo de idéia?

Enquanto isso, deixo aqui a versão brasileira da música. (Sempre alvo de críticas, mas na minha opinião muito boa.)

Eu sei que há, debaixo do luar, alguém que me ama, não sei em que lugar
Eu sei que alguém pede no coração que a gente se encontre em algum lugar deste chão
E toda noite eu penso quando aquela estrela vem que ele à mesma estrela pede pra me ver também
Eu muitas vezes penso quando a noite estende o véu que todos nós dormimos juntos sob o mesmo céu
Eu sei que há um amor eterno e mortal, hoje é só um sonho, mas um dia se torna real


PS: Então… eu pretendia incorporar o vídeo aqui, mas por algum motivo que desconheço não está dando certo. O navegador me diz que a operação é inaceitável. Oras, inaceitável é eu ficar mais de meia hora tentando fazer isso. O link de Somewhere Out There, em versão brasileira, é este aqui ó: http://www.youtube.com/watch?v=6UnqzON9s9k

3 comentários:

Nanael Soubaim disse...

http://www.malhanga.com/musicafrancesa/mireille/valse.htm
Sem mais palavras.

muta disse...

nossa, fievel!!!

e pensar que não vejo esse desenho já faz tanto tempo...

ótima lembrança moça, ótima!

Lótus disse...

"era a última valsa / meu coração ficou só sem amor / e entretanto aquela valsa / poderia ter durado para sempre"....

apelou, hein, Nanael!! sem mais palavras.

Muta, vc tá vivo! isso tbém foi uma ótima lembrança...