Não sei se é exatamente algo típico do aquariano mas, como tal, prezo demais a minha liberdade. Adoro ficar sozinha de vez em quando, pensar na vida, tomar decisões importantes. Não importa. O fato é que a solidão me faz muito bem, mas nunca imaginei que essa filosofia de vida pudesse ir tão longe.
Alguns anos atrás tive a oportunidade única de fazer uma super viagem e acho que durante um mês procurei alguém que pudesse ir comigo e depois de, em vão, tentar todas as possibilidades tive que optar por não ir ou ir sozinha. Pensei por uns dias e eis que pra minha alegria decidi passar 15 dias em Barcelona.
A viagem na realidade não seria 100% solitária, pois iria para a casa de uma amiga brasileira que na ocasião morava lá há um ano. Mas ela já tinha me prevenido que por estar estudando e trabalhando não teria muito tempo pra me fazer companhia.
Pelo menos me buscaria no aeroporto e depois da chegada em casa grande parte da viagem seria eu e Deus me protegendo. Medo? Um pouco. Frio na barriga e pavor de não conseguir me comunicar? Muito!!!
Me surpreendi comigo mesma já no primeiro dia da viagem, quando a máquina fotográfica resolveu brigar comigo e tive que pedir ajuda em espanhol a uma atendendente de uma daquelas lojinhas de turista. Deu certo, até dois dias depois quando fui roubada e essa mesma máquina foi levada cheia de fotos irrecuperáveis.
Mais desafio pela frente, comprar uma máquina nova, tendo que explicar certos detalhes para um catalão. Me saí bem, foi mais fácil do que pensei.
O poder de desinibição e desenvoltura que eu jamais imaginei que tivesse aflorou de primeira. Como passei muito tempo sozinha, me vi diversas vezes em situações as quais teria que resolver na hora, ou teria problemas.
Outra grande alegria de fazer uma viagem assim, foi o prazer em não ter que dar satisfações a ninguém, em momento algum. Se quisesse ficar meia hora sentada apenas vendo o movimento, ficava. E assim o fiz inúmeras vezes. Consegui passar imune a duas perseguições por bêbados na hora mais deserta da cidade, a tão famosa ciesta. Fui abordada algumas vezes por drogados me pedindo erva, fui engabelada por vendedores africanos que me deram troco com uma moeda esquisita e, o pior, fui a um shopping center onde no mesmo dia houve um assassinato.
Mas não ter com quem fazer um comentário, rir de uma cena, pedir um trocado emprestado, são decididamente detalhes que fazem falta, mas que nunca mais me impedirão de sair por aí conhecendo o mundo.
Um comentário:
Meu, eu já viajei sozinho tbm, mas o que mais pega é o que você fala no último parágrafo.
Ninguém para comentar, na hora, o que se vê, risadas que só alí e com quem você estiver fazem sentido e por aí vai.
Acho que ainda não sei o quociente final dessa equação para decidir se é melhor viajar, mesmo que sozinho, ou tentar arrumar boa companhia...
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