É engraçado como acontecem coisas paradoxais ao longo de nossas vidas, sem que tenhamos exatamente procurado por isso...
Pela forma como fui criado, acabei com uma grande tendência a ser independente e tomar à frente de tudo o que faço e com uma posição contestadora diante de situações estabelecidas que não me pareçam muito justas ou corretas.
Desse jeito, contestando coisas observadas no convívio familiar, sempre me interessei por companheiras que fossem independentes na forma de agir e pensar.
E inteligentes, é claro! Afinal, conseguir conversar e trocar opiniões sobre as coisas que acontecem no dia-a-dia é fundamental em qualquer relacionamento, especialmente sendo eu uma pessoa que praticamente vive para falar.
Mas a questão é a mistura explosiva que acabo criando quando misturo a minha tendência a tomar à frente de tudo e com independência, com uma companheira que sempre esteve acostumada a fazer tudo sozinha e também tomar à frente das coisas.
Em alguns (vários!) momentos acabo metendo os pés pelas mãos... Faço coisas achando que estou fazendo o certo, mas, quando vejo o resultado, só fiz deixar alguém pensando que não confio em seu julgamento e atitudes. Me adianto para deixar tudo certinho para que a vida de outrem fique mais tranquila e, mais uma vez, passo a impressão de que não a acho capaz.
Ou, tentando ser carinhoso e querendo ajudar, infantilizo acidentalmente a pessoa e, como já se é de imaginar, meto os pés pelas mãos. Novamente...
Sabem, em muitas horas que eu realmente queria ter vindo de fábrica com um sistema de legendas, que sempre explicasse quais são as minhas intenções quando faço ou falo algo.
Algo como: se falo, “Garçom, pra mim isso e para ela aquilo!”, leia-se “Garçom, já discutimos o pedido e nós queremos isso... Mas ela poderia estar pedindo para você da mesma maneira, ok!”.
Ou então: “Ah, mas ela ficou toda nervosinha com isso, deixa que eu te ajudo a arrumar essa configuração de celular.”, quando queria dizer, “Sim, você continua linda assim nervosa, mas estou aqui para ajudar caso você precise, ok?”.
E ainda: “A conjuntura atual do mercado de trabalho já está complicada, e você bem sabe que a sua área de trabalho é ainda mais difícil. Vamos olhar outras opções, mas tenho certeza de que algo novo aparecerá”, quando eu simplesmente deveria dizer, “Sim é difícil mesmo, mas confio na sua capacidade e uma hora tudo vai se acertar.”.
Infelizmente esse dispositivo não existe, não é mesmo? Será então que algum tipo de cirurgia cerebral resolveria esse meu problema?
2 comentários:
Entrar na mesma frequencia é trabalho arduo, e um movimento a mais dos dedos pode causar desintonia.
Mas é um dos exercícios mais legais de se fazer, pena que todo mundo sempre muda sua estação!
Legal vc se dar conta disso e reconhecer que há uma sintonia aí a ser encontrada. E acho que tem cura sim, mas não é um dispositivo, e sim uma mistura de tempo e paciência.
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