quinta-feira, julho 16, 2009

De palitinhos

Não lembro quando aprendi a comer de palitinhos. Para mim, isso sempre foi tão natural quanto comer de colher ou de garfo. Igualmente, arroz branco grudento "unidos venceremos", servido na tigela acompanhado de um pozinho colorido sempre esteve presente no meu cardápio, muito mais até do que arroz com feijão. Comer arroz de palitinho, então, para mim nunca foi malabarismo. Meu guri já envereda pela mesma senda, virando-se bem de palitinho (com a ajudinha de um acessório batuta, cuja função na minha época era desempenhada por um elástico mesmo), comendo arroz da tigela e muito, muito peixe cru.

Quem é bom de garfo, ou melhor, de palitinho que nem eu e o meu pequeno talvez se interesse por festivais de sushi e sashimi, atualmente na moda entre os restaurantes japoneses de SP, os quais também são lugares da moda (alguns mais, outros menos). Pois bem, refeição pré-paga tem a vantagem óbvia da previsibilidade dos gastos. Contudo, cabe observar a qualidade das iguarias servidas, em especial quando se trata de comida japonesa, pois que este tipo de culinária, originalmente delicada e muito sutil, tem variações bastante distorcidas por aí.

Quando eu ainda era uma criança e meu pai, um engenheiro civil (quase) justamente remunerado, costumávamos ir à Liberdade para almoçar ou jantar. Nessas ocasiões festivas, escolhíamos o restaurante pelas réplicas de pratos exibidas nas vitrines, tão ou mais suculentas que as comidinhas verdadeiras. Ok, talvez ao sair de casa meus pais já soubessem bem onde iríamos fazer nossa refeição, mas para mim era uma diversão parar na frente de cada uma das vitrines e apontar para aquele camarão e-nor-me que guarnecia a tigela de sopa, por exemplo.

Com o passar do tempo, o aumento do estômago das "crianças" e a degradação salarial do meu papis, as visitas à Liberdade rarearam, de modo que passei anos e anos sem frequentar os restaurantes daquela região.

Felizmente agora tanto eu como meus irmãos trabalhamos e vez ou outra combinamos novas incursões ao bairro japonês, com a desculpa de levar a mãmis pra passear. Ela gosta de fazer compras por lá, é verdade, mas também é verdade que ela come metade do que o meu guri (que ainda não fez 4 anos). Assim sendo, festivais de sushi representam prejuízo quando uma das comensais é minha genitora.

Talvez por isso há tempos não vamos ao Sushi Isao, na Rua da Glória, onde se paga um preço fixo por pessoa e cada um pode se esbaldar à vontade no bufê "serve-serve". Almocei lá na semana passada e adorei esse retorno à Liberdade, ao edifício de entrada escondida e elevador bizarro, ao restaurante pequenino e simples. Confesso que o sashimi me decepcionou, contudo, as opções variadas de sushi, os diversos empanados, os legumes cozidos e outras preciosidades pouco comuns nos festivais mequetrefes da cidade valeram cada real investido na refeição. Que ficou muito mais alegre e brilhante, claro, porque eu estava bem acompanhada. Campai!

Promessa feita, promessa cumprida! Se estiver com fome de mais textos apaixonados, confira meu blog de Lótus!

2 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Para mim seria prejuízo, eu como pouco e raramente gosto dos pratos mais caros. Por quilo eu topo.

Muta disse...

Rá, eu simplesmente adoro comida japonesa!

E deve ser por isso que, há muito, aprendi a dar um jeito de comer até o arroz soltinho da minha mãe com os danados dos palitinhos. Fora que, quando cozinho, acabo usando mais os danados do que os apetrechos ocidentais usuais! :o)