Sempre me considerei uma pessoa do bem, mas como ser boazinha em tempo integral é impossível, e até mesmo um pouco enfadonho, não nego que já aprontei algumas maldades ao longo da vida.
Isso não significa, porém, que eu me orgulhe desse meu lado maquiavélico, mas também não me envergonho delas a ponto de não poder dividi-las com vocês.
Portanto, escolhi algumas que julgo serem razoavelmente inofensivas, esperando que não desabonem minha conduta.
- Começarei com aquela que considero a mais light delas, mas que por ter acontecido quando eu tinha apenas 10 anos, já pode ser considerada uma amostra do que viria a fazer aos 20.
Nessa época ainda morava no Rio de Janeiro, e meu contato com São Paulo era praticamente nulo. Portanto, não sabia que o que no Rio se chama de biscoito, em São Paulo é conhecido por bolacha. O simples fato de um nome ser no feminino e outro no masculino, foi exatamente o que deu margem para que eu pudesse sacanear uma colega paulista que ao me ver comendo o quitute supracitado, veio até mim e disse “Me dá uma?”. Claro que eu sabia do que ela estava falando, mas como não era muito fã da menina e estava a fim de provocar, não tive dúvidas e perguntei “Uma o que?”. Ao que ela olhou pro pacote com carinha de brava e disse “Uma bolacha, oras”. Eu com a cara mais inocente do mundo, só disse: “Aaaahhhh, um biXcoito né?”. Claro que dei alguns, ela ficou feliz e eu tive minha parcela de diversão.
– Esse episódio aconteceu na mesma época do anterior. Nos idos de 1980, havia no Rio umas carrocinhas espalhadas pela cidade, que vendiam todo tipo de guloseimas, nas quais eu e meus coleguinhas fazíamos compras com frequência, principalmente na de um senhorzinho que costumava ficar perto do nosso prédio. Eis que um dia em plenas férias de verão, estávamos sem nenhum dinheiro, mas com muita vontade de comer besteira.
Não pensamos duas vezes. Éramos um grupo de umas seis crianças, sentamos e bolamos um plano de como fazer pra assaltar o podre velhinho.
Em pouco tempo estávamos fazendo uma algazarra na frente da carrocinha, e enquanto uns distraíam o sujeito, outros atacavam seu estoque, grupo esse do qual eu fiz parte. Nem conseguimos pegar muita coisa, mas, mesmo assim, até hoje lembrar isso me deixa com um pouco de dor na consciência.
- Quando aconteceu esse “delito“, não tinha mais do que uns 12 anos. Eu, minha irmã e duas amigas nossas, resolvemos assaltar o quarto de uma outra colega do nosso prédio. Fomos para lá munidas apenas de um bom plano e de camisetas larguíssimas que foram usadas como depósito do material recolhido. Esse constava de miudezas que enchiam os olhos de qualquer criança menos abastada do que a vítima, ou seja, borrachas e lápis coloridos, adesivos meiguinhos e outros pequenos enfeites. Foi um feito espetacular para meninas daquela idade, assaltar o quarto de uma coleguinha sem termos sido descobertas. O motivo para tamanha ousadia, nenhuma das quatro, até hoje descobriu qual era. E também nunca conseguimos entender como a menina não viu que havia quatro delinquentes mirins fazendo o rapa no seu quarto.
- Essa talvez tenha sido uma das minhas últimas (e piores) maldades. Já tinha 20 e poucos anos, estava na faculdade e entre as pessoas com as quais me relacionava, estavam A., minha mais frequente companhia e uma pessoa com tendências do mal, e G., uma loira oxigenada estilo periguete, cujo sonho de vida era ser modelo.
Um belo dia, eu e A. tivemos a brilhante idéia de sacanear G., sem nenhum motivo aparente.
O plano: Ligar pra ela, inventar que éramos de uma determinada agência e que gostaríamos de fazer umas fotos com a aspirante a modelo. Para dar um tom mais real à brincadeira, tivemos a idéia de pedir que ela levasse alguns itens para compor as fotos (e já não me lembro mais quais eram, mas sei que se tratavam de inocentes apetrechos femininos para ajudar a compor um look legal).
Como tínhamos certeza de que ela aceitaria, já tínhamos tudo pronto. Demos o endereço do prédio em frente ao meu e ficamos de espreita na minha casa, vendo a cena.
Eis que ela aparece na porta do prédio na hora marcada, com uma sacolinha na mão e em poucos segundos se dá conta de que havia algo errado. Estava num prédio residencial, o apartamento cujo número demos não existia, assim como a pessoa que ligou pra ela e muito menos tal agência.
Sei que ficamos ali alguns bons minutos vendo-a discutir com o porteiro e em seguida ir embora sem entender o que havia se passado.
Difícil mesmo, foi no dia seguinte termos que ouvir impassíveis à história e controlar a vontade de rir. Mesmo tendo sido uma grande maldade, tínhamos achado o acontecimento engraçado, e porque não dizer, bem bolado.
Ah, e ela sabia onde eu morava, mas era tão, tão tapada que simplesmente foi incapaz de juntar A com B e se dar conta de que tudo não passou de uma grande brincadeira de mau gosto.
5 comentários:
Puxa, eu nunca consegui realizar uma maldade direito. Sou tão tapada e atrapalhada que sempre acabo me ferrando... tô até com inveja da sua competência hehehe...
Mesmo porque... seria bom se todas as nossas maldades se resumissem a esses episódios prosaicos, né...
Hahaha...
- com a introducao pensei que a primeira situacao vc havia dado um tabefe na cara da menina , sabe... bolacha = tapa na cara!
- atacar o tiozinho acho que seria algo que pesaria na conciencia tambem.
- quando pequena tive meu estoque de bugigangas roubadas na escola, algo que me traumatizou, mas acho que mais que o furto foi pelo fato de que a menina-ladra eh ate hoje podre de rica e poderia ter tipo o triplo do que continha no meu estojo...
- nunca fui boa com trotes. :/
mas adorei as historias!
Olha Rafa, tirando o lance do vendedor de doces, até que foram bem fraquinhas as suas maldades...
Mas vou pensar seriamente em sanções para com a sua pessoa por conta delas, hehehehe. =P
Ah Rafa, na verdade as sanções deveriam ser por conta do fato de vc nunca colocar a categoria nos textos, hahahaha.
O que vc acha de providenciar isso hein? =P
Vc e uma Neidinha wannabe! hahaha
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