quinta-feira, janeiro 15, 2009

Feliz aniversário! O Muta envelhece na cidade!

Logo na barriga da mãe, já se ouvia por aí, "mulher barriguda que vai ter menino, qual o destino que ele vai ter? O que será ele quando crescer? Haverá guerra ainda? tumdumtumtumdum...Tomara que nããão!"

De lá pra cá, trintão. Ação-mutação. Depois e antes, Mutantes. Foi numa dessas que o cara conheceu uma garota. Pouco cabe aqui da história. E não há síntese pra experiências mágicas.

Ela se encantava com seu coração gigante e tudo o mais que ele guardava no seu "Infinito particular". E arriscava "You make me feel like a natural woman"[1]. Nada escapava dele, nenhum sentimento, nenhuma dor.

"Rodamundo-rodagigante-rodamoinho-rodapeão". Eles se perderam. Sabem o motivo.

E não, a rima previsível do amor e dor não "Mora na filosofia", deflagra nela. A poética "Ne me quitte pás" transformou-se em espantosa "La maison est tombée". Um desejo anterior e maior havia sido subestimado. Já era tarde pra "Ainda é cedo amor, mal começastes a conhecer a vida..." Essa vida abusada, carregada de ironia e "Insensatez", olhava pra eles e disparava "Dodododedadada is all I want to say to you..."

"I hope you don´t mind, I hope you don´t mind what I wrote down in words."

E se "Dead can dance", ela podia dançar "Respeito muito minhas lágrimas e ainda mais minha risada...Sou tímida espalhafatosa, torre traçada por Gaudí..." E tinha também alguma coisa ali de "It´s under my skin but out of my hands". Vontade do corpo que não quer ser útil nem dócil. Algo que precisava escapar. Ação-mutação. E "a cada Milágrimas sai um milagre..." So, "No more tears". Nem for fears.

"Da lama ao caos, do caos à lama", ele também não se deixou abater nem atolar (oops!) porque tinha seus paralamas do sucesso...

"Seen a shooting star tonight and I thought of you You were trying to break into another world a world I never knew Seen a shooting star tonight and I thought of me If I was still the same If I ever became what you wanted me to be."

"Tempo tempo um ano velho falta um tanto ainda eu sei pra você correr macio". Um capitão segurava-se à pauta e gritava: "Time stand still"!

Mas o tempo também não se submetia. Depois e antes, Mutantes.

O futuro? Pode ser "uma astronave que tentamos pilotar". Uma coleção especial de malas do gato Félix. Um horizonte quente. Uma revolução. Pode ser um tudo. Uma ilusão coletiva. Um inesgotável imaginário. Um orgasmo planetário. Pode não ser. Ah! Pudéssemos ver ao menos a capa do jornal dele: "I’ve seen the future, baby: it’s murder... Things are going to slide, slide in all directions won't be nothing nothing you can measure anymore…" . Ele pode ser a capa de um jornal de hoje. Oh, "My sweet Lord". Tomara que nããão!

Chegando o hoje, hoje é trintão! É seu ano novo pessoal. Quis lhe falar de "coisas que aprendi nos discos, porque não preciso contar como vivi e nem tudo o que aconteceu comigo". Deixar um pedaço. Não de asa de graúna. E mais que bela dança afro. Talvez só uma percepção; "E.S.P."[2] talvez ainda não.

Confio que o teu hoje seja "Leve como leve pluma muito leve leve pousa, nuvem azuuul que arrefece...." porque

"Hoje é dia de festa...

Hoje é dia de festa...

É dia de levar flores pro maaar.."

É dia de dar presentes para o Mutaaa... ;D

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[1] Para a filósofa pós-estruturalista e feminista radical, Judith Butler, a música de Aretha Franklin, escrita originalmente por Carole King, contesta a naturalização do gênero. Para ela, “Like a natural woman” é uma frase que sugere que a naturalidade só é obtida por meio de analogia ou metáfora. Algo como “você faz eu me sentir como uma metáfora do natural”; sem o “você”, alguma base desnaturalizada seria revelada. É tb próximo de “A gente não nasce mulher, torna-se mulher” (Beauvoir). A imagem fixa do “feminino” está muito ligada a alguma espécie de construção cultural, por mimetismo. Ver “Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade.” (Ah! vá! não podia perder essa oportunidade...)

[2] E.S.P.: Extra Sensory Perception. Título de uma música e disco 'sensacionais'.

4 comentários:

Muta disse...

É como eu havia te dito: nunca imaginei que um texto com tantas referências poderia ficar tão bonito e coeso!

Ainda estou sem palavras, mas "Words are very unnecessary" afinal...

ju disse...

To ainda lendo as frases minusciosamente...

Bj
FELIZ ANIVERSARIO CLARO ;o)

giovani iemini disse...

inspirado, hein, cra?!
[]s

Paulinha disse...

Então, fucei só agora aqui, por isso os PARABÉNS vão atrasados... mas ainda assim espero que chegem bem e inteiros...
Ah... e lindas palavras!
beijos
Paulinha (intituladaa mais nova seguidora de Muta)